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segunda-feira, 10 de março de 2014

Retoma? Mas qual retoma?

É a retoma..é os dias de sol que faltavam à economia...é a nova vida. Bem, após estas considerações que nos enfiam pelos ouvidos e pelos olhos todos os dias, vamos a alguma realidade. Pois viver no país real é para todos, menos para os lados da Lapa, do Largo do Caldas ou no Rato. E que país real é esse?

"pressupondo um crescimento anual do produto nominal de 4%, para atingir, em 2035, o valor de referência de 60% para o rácio da dívida, seria necessário que o orçamento registasse, em média, um excedente primário anual de cerca de 3%. Em 2014, prevê-se que será de 0,3% do PIB"

Este citado acima não será certamente. Este é o país  no novo roteiros do Presidente da República. Não é preciso dizer grande coisa, pois o nível de fantasia e ameaça é enorme. Fantasia pelo crescimento de 4% (em média..o que quer dizer que teria de haver anos em que crescêssemos 6, 7 ou mesmo 8%) e ameaça pelo facto de assumir que até 2035 teremos austeridade permanente para pagar a tão famosa dívida. Quanto à retoma que nos levaria ao crescimento de 4% ao ano (em média repito) mais se assemelha ao naufrago que depois de mergulhar por não ter forças para se sustentar à tona, volta por uns instantes à superfície antes de voltar a cair nas profundezas de águas gélidas. Isto se tivermos em conta que 2013, o ano da retoma, do crescimento em todos os trimestres (estou apenas a transcrever a propaganda), da descida do desemprego, o ano em que o país já está melhor mas as pessoas não....é o mesmo ano de um dado que parece que querem esconder ou do qual sentem vergonha. Que dado é esse?  O investimento na economia! A parte pública do investimento já se sabia que tinha caído, até porque para este governo, tudo o que é público está impregnado por algum tipo de peste. A novidade é o investimento privado, o grande impulsionador da retoma, dos empreendedorismos e de outros ismos...esse mesmo indicador tão importante (o investimento...não o facto de ser privado) está também a diminuir. E a diminuição não é uma diminuição de somenos importância, pois o seu valor é de - 66%! Podemos não ver o resultado desta diminuição do investimento já em 2014, porque os resultados do investimento ou da falta dele (no caso) não se vêm no imediato, mas aparecerão na forma de mais empobrecimento. Por fim concluo com uma citação do que nos espera...


   " Pelo que, concluiu, sem acesso aos mercados de dívida esses níveis deverão revelar-se insuficientes para suportar a retoma do investimento e emprego, assim como reverter o desgaste de máquinas, equipamentos e edifícios, ou seja, capacidade instalada" (Banco de Portugal)

  

quarta-feira, 5 de março de 2014

Saída à Irlandesa?

A "saída da troika" (que fica cá de uma maneira ou de outra) é um tema quente. Ouvimos constantemente o governo a dizer que quer uma saída à Irlandesa...sem programa cautelar. Dizem também que após a saída da troika teremos "disciplina orçamental" (nova expressão para austeridade). Mas a "saída à Irlandesa" é uma grande mentira. Qual é a saída à Irlandesa? Quando a Irlanda continua com problemas? Ainda hoje a Comissão Europeia veio informar que colocou a Irlanda sob "vigilância reforçada". Qual foi a razão dessa "vigilância reforçada"? A razão invocada por Bruxelas é de que existem "desequilíbrios macro económicos", pelo que a Irlanda irá ter de reportar a Bruxelas as políticas que irá seguir. Deste modo, a Irlanda parece que se encaminha para ser uma semi-colónia de Bruxelas, onde todas as políticas seguidas terão de ter o aval prévio de Durão Barroso e sua equipa. Mas ao que parece, os "desequilíbrios macro económicos" não estão apenas circunscritos à Irlanda, estes estendem-se a uma lista mais vasta:

  • Alemanha
  • Bélgica
  • Bulgária
  • Croácia
  • Dinamarca
  • Eslovénia
  • Espanha
  • Finlândia
  • França
  • Holanda
  • Hungria
  • Itália
  • Irlanda
  • Luxemburgo
  • Malta
  • Suécia
  • Reino Unido.
De reparar a existência neste grupo de países "grandes", como o Reino-Unido, Itália, França e até a Alemanha! Um dado interessante é o facto de Portugal e Grécia não se encontrarem nesta lista. Este facto é explicado pela própria Comissão Europeia com o facto de Portugal e Grécia ainda se encontrarem dentro do programa da troika.
Conclusão disto tudo, é que pelos vistos o problema é global e que não sairemos sozinhos disto, e que o problema não está em Portugal, mas sim no Euro e na União Europeia, e no seu modelo de desenvolvimento, que não se preocupa com o povo, mas só e apenas com os grandes banqueiros e grandes empresas.
  1. Bruxelas coloca Irlanda sob vigilância reforçada