É simples: Piropos
lançados a uma mulher desconhecida ou com a qual não se tenha o tipo de
confiança para entrar nesse género de "flirt" deixando-a desconfortável
ou mesmo sentindo-se ameaçada é de facto uma pulhice. Mas se alguém acha
que pode resolver o problema, criminalizando o acto, está muito
enganado. O piropo é um sintoma, e porventura nem o mais grave, de uma
doença muito maior, a mesma doença que
faz com que o salário médio dos homens seja maior que o das mulheres, a
mesma doença que leva mulheres a terem que dizer que não pretendem ficar
grávidas ou a responderem se têm filhos (pergunta que obviamente não
será feita ao marido), a mesma doença que leva centros de saúde a não
terem stock de pílulas contraceptivas, a mesma doença que faz com que o
juiz absolva um réu porque "a violação não foi muito violenta" ou porque
a vítima de 14 anos já tinha sido sexualmente activa.É a mesma doença
que leva a existência de noivas crianças no subcontinente indiano e em
África, a existência da Burqa, da mutilação genital feminina (até na
Europa), do tráfico sexual de mulheres.
E esses problemas só podem
ser solucionados através da educação e do fim da exploração dos homens e
das mulheres pelos homens.Quem não abordar a opressão das mulheres de
uma forma integral mas limitando-se apenas a criminalizar o menos grave
dos seus exemplos ou é ingénuo ou anda a brincar ao politicamente
correcto, á política fútil, aos soundbytes sem ter a coragem de atacar a
raiz do problema.E no que me diz respeito, esse problema só
desaparecerá quando o modelo civilizacional em que vivemos desaparecer. E
isso faz-se através de um sistema educativo que incuta os valores da
igualdade (entre homem e mulher,raças e etnias,credos, orientações
sexuais) da luta sindical e da construção de uma revolução que acabe com
o capitalismo que tanto fomenta as desigualdades para facilitar a
exploração.
Sem comentários:
Enviar um comentário