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sábado, 21 de julho de 2012
terça-feira, 10 de julho de 2012
Ó malhão, malhão, que vida é a tua?
Nestas últimas semanas temos assistido ao espectáculo Relvas, com pressões jornalísticas, ameaças de divulgação de vida privada, maçonaria e licenciaturas sui generis. A uma licenciatura que já não lhe faltava nada para ser a licenciatura da década (quiçá do século) devido a credenciações e equivalências de credibilidade duvidosa, acrescentou-se outra equivalência que irá decerto causar inveja aos melhores dançarinos...
É isso mesmo..agora a presidência de uma colectividade de ranchos folclóricos dá equivalência a Ciências Políticas...é mesmo caso para dizer "ó malhão, malhão, que vida é a tua?"
domingo, 8 de julho de 2012
"Nós dizemos qual é a alternativa"
No sábado em pleno jantar "comemoração" dos 38 anos da JSD o 1º ministro Pedro Passos Coelho perguntou à oposição
quanto é que queria que se corta-se na saúde e na educação. Pois logo no
dia seguinte tivemos Jerónimo de Sousa a sugerir uma opção "diferente"
da do governo. E então dizia o secretário-geral do PCP " "Nós dizemos qual é a alternativa: abdiquem, larguem esse pacto de
agressão, rompam com ele, renegoceiem a nossa dívida nos prazos, nos
montantes e nos juros." A questão está mesmo
aqui....vamos renegociar e enquanto se renegoceia continuamos a pagar
algo que é injusto, que é impagável e que é completamente odioso?
Se vamos continuar a pagar algo que foi contraído em benefício dos banqueiros, do grande patronato e da alta-finança qual é a alternativa? Uma Austeridade mais suave? Vamos usar a esmola conseguida com a renegociação para investir na economia dizem alguns. Esmola sim, porque ninguém pense que a alta-finança vai deixar renegociar o que quer que seja sem tomarmos uma posição de força! Uma posição que diga que quem tem o poder é quem tem a possibilidade de dizer que não pagamos enquanto não melhorarmos o país, não pagamos aquilo que não contraímos, não pagamos enquanto não apurarmos tudo o que foi roubado e enquanto não dermos uma vida melhor a quem realmente merece, o povo! Por isso digo, a alternativa não está em renegociar algo que não contraímos...a alternativa está em derrubar Passos Coelho, suspender o Pagamento da dívida, investir na Saúde como um direito e não como um negócio, investir na Educação tendencialmente gratuita e de qualidade para todos e não apenas para os filhos de pais ricos, desenvolver e investir na indústria, nas pescas, na agricultura, todos os sectores que geram emprego. Em suma, construir uma vida melhor para o povo e para o país, que deixe de viver em estado de escravidão e subserviência e passe a desenvolver-se material e humanamente!
Se vamos continuar a pagar algo que foi contraído em benefício dos banqueiros, do grande patronato e da alta-finança qual é a alternativa? Uma Austeridade mais suave? Vamos usar a esmola conseguida com a renegociação para investir na economia dizem alguns. Esmola sim, porque ninguém pense que a alta-finança vai deixar renegociar o que quer que seja sem tomarmos uma posição de força! Uma posição que diga que quem tem o poder é quem tem a possibilidade de dizer que não pagamos enquanto não melhorarmos o país, não pagamos aquilo que não contraímos, não pagamos enquanto não apurarmos tudo o que foi roubado e enquanto não dermos uma vida melhor a quem realmente merece, o povo! Por isso digo, a alternativa não está em renegociar algo que não contraímos...a alternativa está em derrubar Passos Coelho, suspender o Pagamento da dívida, investir na Saúde como um direito e não como um negócio, investir na Educação tendencialmente gratuita e de qualidade para todos e não apenas para os filhos de pais ricos, desenvolver e investir na indústria, nas pescas, na agricultura, todos os sectores que geram emprego. Em suma, construir uma vida melhor para o povo e para o país, que deixe de viver em estado de escravidão e subserviência e passe a desenvolver-se material e humanamente!
terça-feira, 3 de julho de 2012
E afinal porque é que lutamos?
Eu
cresci a ouvir histórias acerca dos tempos da ditadura, acerca daqueles
que se sacrificaram para que hoje possamos viver em liberdade, a
celebrar o 25 de Abril e o 1º de Maio. Eu cresci a ouvir os meus pais a
exaltarem os direitos que nessa altura foram conquistados e que lhes
possibilitaram ter a vida que tem hoje. Eu cresci com a crença de que eu
era livre de tomar opções acerca da minha própria vida. Eu cresci com a
crença que se eu estudasse seria não apenas alguém na vida, mas o
“alguém” que eu escolhera ser. Eu cresci com a crença de que se eu
acreditasse e lutasse poderia efectivamente contribuir para uma
sociedade mais justa.
Hoje tenho 29 anos e desde há algum tempo
que me tenho vindo a confrontar com a desilusão, com a constatação de
que tudo isso não passava de um sonho pueril. Primeiro tornei-me
céptica, depois tornei-me cínica. Deixei de acreditar e perguntei-me
porquê. Concluí, então, que a questão não era: «porque não acredito?»
mas sim «acreditar em quê?».
Conformei-me com o facto de que vivíamos na tal “era pós-ideológica” de que hoje tanto se fala e sucumbi à alienação.
No dia 12 de Março deste ano aterrei em Portugal, depois de uma estadia
de nove meses nos Estados Unidos, e deparei-me com uma grande
manifestação. Apercebi-me do descontentamento das massas, da evidência
de que estávamos todos num estado de ruptura. Mas ruptura de quê? E o
que surgiria dessa ruptura? Falava-se de uma Europa em decadência, de
uma crise baseada em créditos e débitos virtuais, de especulação
financeira, da bancarrota, mas tudo aquilo que eu continuava a ver era
uma população apática, que saiu de casa um dia para manifestar o seu
descontentamento mas que não tinha respostas ou alternativas, como um
doente que não sabe muito bem quanto tempo terá de vida mas ao qual
ainda não foi diagnosticada uma doença concreta e que, portanto, não
sabe a que tratamento recorrer.
No espaço alguns meses tudo se
alterou. Hoje somos testemunhas, participantes ou não, de grandes
manifestações à escala mundial, dos movimentos de ocupação das ruas, da
defesa de uma democracia global e participativa em detrimento das
democracias nacionais e representativas. E daí surge a questão? Será que
durante esse espaço de tempo tudo se clarificou? Será que para além do
descontentamento generalizado nós já sabemos aquilo por que estamos a
lutar?
Na busca por uma resposta a esta questão, tenho vindo a
confrontar-me com toda uma série de artigos, imagens, reportagens acerca
deste fenómeno. Um dos factos que considerei mais significativos foi a
rapidez do alastramento do movimento de ocupação das ruas, e o seu
consequente impacto mediático, nos Estados Unidos da América em relação
aos movimentos de contestação europeus. Numa rápida análise a alguns dos
cartazes presentes em manifestações americanas e europeias
questionei-me se um dos factores chave para essa discrepância residirá
na compreensão do problema com o qual a população de ambos se confronta:
«I will never pay off MY student loans» ou «I will never pay off MY
debt» são frases presentes numa das imensas aglomerações humanas do
movimento «Occupy Wall Street» e contrastam com palavras de ordem como
«Esta Dívida não é Nossa» ou «Parlamento. Este não é o Nosso orçamento»,
presentes na pouco mediática concentração de protesto à aprovação do
orçamento de Estado no passado dia 10 de Novembro.
Ora, segundo
a minha perspectiva, a divergência de pronomes pessoais utilizados nos
cartazes de ambas as manifestações são significativos das motivações das
multidões presentes nas mesmas.
A crença na responsabilização
individual enforma a cultura americana. O Estado não assume qualquer (ou
muito pouca) responsabilidade social. Daí que famílias inteiras se
encontrem endividadas devido a necessidade de tratamento hospitalar e
que muitos estudantes se vejam em situação de pobreza extrema devido aos
créditos contraídos para pagar cursos universitários. Assim, a sua luta
simplifica-se uma vez que sabem exactamente quem é o seu opositor: a
Banca.
Daí que cada um dos manifestantes esteja perante uma
luta individual, entre si, o oprimido e a banca, o opressor. A união dos
mesmos surge, assim, de um problema individual que é comum.
Na Europa o problema da compreensão da crise em que nos encontramos
complexifica-se pela inexistência de um opressor concreto, devido à
existência do Estado e da União Europeia enquanto entidades mediadoras
desta relação. A relação binária: povo – banca, transforma-se em relação
Povo – Estado/União Europeia – Banca. Assim, surge a dúvida: quem é
afinal o opressor? É o Estado? É a Banca? É a União Europeia?
Responder a cada uma destas questões é uma tarefa difícil, exige um
grande esforço dificilmente tolerado pela preguiça de quem fala em nome
de um colectivo e não em nome estritamente individual. Para o
resolvermos temos que nos consciencializar que hoje vivemos num mundo
global e com uma complexidade que ultrapassa em excesso a esfera do
concreto e do palpável. Já não lutamos pela liberdade como no tempo dos
nossos pais… ou pelo menos esse tipo de liberdade. Lutamos por outra
coisa e é isso que ainda temos que descobrir e definir…
Existe,
porém, algo de muito concreto: as tão referidas medidas de austeridade
conduzem-nos claramente para o modelo baseado na responsabilização
exclusivamente individual, contra o qual os manifestantes americanos se
encontram neste momento a revoltar. Será que vamos ter que esperar para
sofrer na pele as consequências da relação binária povo-banca?
Uma coisa é certa: nessa altura a relação simplifica-se e aí sairemos
todos para a rua. Deixaremos de dizer «esta dívida NÃO é nossa» e
seremos obrigados a dizer «Não vou pagar a MINHA dívida»
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