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terça-feira, 27 de março de 2012

Eu Acuso

Acuso!

Não preencherei folhas com propostas para um primeiro ministro que com os seus lacaios desmantela o Estado Social, viola a constituição, agride cidadãos pacíficos. o Fascismo só tem ouvidos para os seus próprios hinos. A doença desta democracia vai longe demais para ser remediada por gestos inócuos como os que propõe o M12M. Não pendurarei lençóis brancos na minha janela quando as pedras da calçada portuguesa do Chiado já se encontram manchadas do sangue de cidadãos e jornalistas. Quanto muito, penduraria um lençol negro mas o luto não precisa de ser assinalado com cores quando qualquer pessoa pode ver no seu mural de facebook que a democracia já está a ser apunhalada com bastões. Que ela morre com cada idoso que expira em casa porque ir ao Hospital se tornou demasiado caro, que ela morre da fome que passam os que em cada vez maior número se encontram noite após noite ás portas da igreja de Arroios para obter o alimento que já não podem comprar, não por preguiça, mas sim porque o Passos Coelho admitiu que nos quer nos pobres.

Pergunto aos Homens da luta se a sua presença no 12 de Março não foi simples oportunismo mediático? Onde estão eles hoje que há ainda mais pessoas precárias, mais desempregados, mais esfomeados, mais mortos que há um ano atrás. Ou foi a sua colagem ao 12 de Março uma directriz do fundador do PSD apenas para substituir um mau primeiro-ministro por outro?

Pergunto ao Sr Arménio Carlos, quem são afinal os vândalos? Pessoas que reagem ao espancamento selvático numa rua secundária longe das câmaras de TV dum cidadão cujo crime era rebentar um petardo? Que são apanhadas num arrastão policial que leva tudo a sua frente, mesas, cadeiras, chávenas, turistas, transeuntes, jornalistas e o próprio direito constitucional de se manifestar? Não são os vândalos também aqueles que destroem neste exacto momento o vale do Tua. os que deixam os edifícios históricos de Lisboa e tantas outras cidades portuguesas apodrecer e arder em jogos de especulação imobiliária enquanto há quem durma na rua e quem já não possa viver na sua casa duramente paga até ao presente porque desapareceram aqueles dois salários extras que lhes permitiria garantir com o seu suor o seu direito humano á habitação.

Acuso! Acuso não só os perpetradores de políticas iníquas. Políticos que colocam os salários no limiar da pobreza ou abaixo dele. Políticos que querem fazer da medicina, a mais nobre das profissões, nada mais do que um negócio. Políticos que tudo farão para docilizar a população e nada melhor do que reservar uma educação de qualidade para as elites e desorçamentar e desqualificar a educação pública, porque a escravatura começa pela mente. Políticos que põem os cidadãos ao serviço do sistema financeiro e não o sistema financeiro ao serviço dos cidadãos. Não, o défice não é nossa culpa! É deles, de políticos, de banqueiros, de especuladores, de jogadores de casino. Só que neste casino, as fichas de jogo somos nós, que de alta finança e permutas de incumprimento de créditos pouco sabemos mas percebemos bem que nos estão a fazer pagar por erros que não são nossos. Nós trabalhamos, recebemos, compramos o que precisamos e tentamos ser felizes. Não aceitamos ser designados de cúmplices nos tráficos de influências, nas permutas de actos de corrupção que levaram o mundo a este ponto. Acuso todos os políticos que nada fazem para mudar este estado de coisas, para castigar os culpados, para moralizar o sistema financeiro!

Mas acuso também todos os que não saíram á rua ainda e todos os que já tendo saído antes, nesta hora mais negra ainda do que há um ano atrás têm medo de o voltar a fazer. Ou porque estão ao serviço de jogos de táctica partidária ou porque não acreditam na possibilidade de uma revolução ou porque acham que estão a salvo da penúria. Desenganem-se, pois como sempre, quando as democracias adoecem e os autoritarismos retiram as máscaras, ninguém está a salvo, excepto os que têm o poder...

O mal acontece quando os homens de bem nada fazem...
É a Hora!

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