Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Ditadura apagada da história

A falta de rigor que em muitas situações a wikipedia apresenta já não é uma situação nova. É, sim, uma ocorrência que devia ser controlada, isto se a wikipedia ainda se orgulha da propaganda de ser um dos melhores sítios de pesquisa de informação e de reverem os artigos à procura de falhas. Esta falha induz muita que confia totalmente nesta página (!) num vazio inaceitável, e que devia ser corrigido com um pedido de desculpas desta organização a todo o povo de Portugal. A wikipedia, na sua página sobre Portugal, e sobre a sua história recente, apresenta a seguinte descrição sobre a ditadura que durou mais de 40 anos e matou, torturou e perseguiu milhares de pessoas. O artigo em questão diz o seguinte:

Ao mesmo tempo que restaurou as finanças, instituiu o Estado Novo, regime autoritário de corporativismo de Estado, com partido único e sindicatos estatais, com afinidades bem marcadas com o fascismo pelo menos até 1945.[45] Em 1968, afastado do poder por doença, sucedeu-lhe Marcelo Caetano.”

É manifestamente insuficiente descrição.
Não obstante o artigo ser mínimo para uma altura que tanto se destruiu num país e que tanta gente morreu e/ou foi torturada, promove apenas a informação sobre a restauração das finanças, oblitera quantas vidas se perderam, quantas pessoas morreram de fome devido a essa tão propagada “restauração das finanças”. Este artigo passa também uma borracha sobre os milhares de mortos, sobre a polícia política que foi criada para perseguir, torturar e matar que não concordava com a política de partido único seguida, bem como os jovens que perderam a vida e outros que perderam pelo menos parte dela numa guerra colonial inglória, que se prolongou durante tempo demais para ser esquecida, e com consequências devastadoras.
É triste verificar que um sítio que é seguido por tantos estudantes para fazerem trabalhos, e a partir do qual tanta gente se informa e acaba por confiar, se presta a um trabalho tão indecoroso como o apagar da História, numa altura em que a censura volta a estar na ordem do dia. Lembremo-nos da situação na RDP, com o programa “Este Tempo” e com os governos não eleitos em Itália e Grécia, que parece que se perpetuam num posto para o qual não têm qualquer legitimidade democrática.

Espera-se que estejam mais atentos às alterações que são feitas aos artigos para que não se apaguem marcos importantes da história e para que as gerações mais novas não se sintam tentadas a dizer que António de Oliveira Salazar foi um herói, que tenham consciência de quantas pessoas o Estado Novo matou directa ou indirectamente, as responsabilidades na criação da polícia política e aceitação dos métodos dignos de qualquer regime fascista.

1 comentário:

  1. Mas jà tentas-te juntar algum texto que fale do que dizes que falta là?

    ResponderEliminar